terça-feira, 18 de agosto de 2009

Entrevista com Chris Weitz.

Chris Weitz é o, hmm, o cara com a tarefa épica de trazer o dolorosamente romântico filme Lua Nova para a telona. Ele explica como – mais, suas idéias sobre fazer o 4ª projeto, Amanhecer.

Qual seu interesse em participar de uma franquia como essa, que é predominantemente mais popular com mulheres do que com homens?
Chris Weitz: Na verdade, considerando esse ponto, meu irmão e eu freqüentemente fazemos esse tipo de filme em que a audiência é maior de mulheres ou esse tipo de sucesso que pende mais pra audiência feminina. Até mesmo American Pie. Assim como a série Crepúsculo tem um apelo global para as mulheres, eu acho que isso reflete no que o filme realmente se concentra que é nas emoções do personagem principal e no romance. E eu acho que infelizmente o sistema dos estúdios não é muito bom em ter garotos interessados nisso. Eles pensam, talvez até corretamente, que toda a classe masculina está interessada em coisas explodindo, robôs e esse tipo de coisa. Eu realmente não acho que isso seja verdade. Eu na verdade não fiz esse filme com os olhos voltados somente para que as garotas e mulheres se interessassem. Há uma diversidade de audiências, incluindo os mais velhos.
Mas francamente, eu fui atraído pelo elenco e eu achei que o elenco central é ótimo, e eu queria trabalhar com eles. E isso meio que explorou algumas habilidades que eu adquiri ao longo do caminho, incluindo os efeitos especiais, trabalhar com jovens atores e trabalhar nessas histórias focadas no emocional.

Crepúsculo, como você disse, é muito emocional, e é claro, tem muito CG e elementos de ação. Você diria que está numa zona confortável? É um terreno familiar pra você? Obviamente suas primeiras obras eram mais dirigidas aos atores.
CW: Eu nunca estou em uma zona confortável fazendo um filme. Eu estou em uma zona desconfortável, porque você esta sempre meio que trabalhando sob circunstâncias de pressão e você não tem uma quantia ilimitada de dinheiro ou tempo pra fazer essas coisas, mas havia algumas coisas que eu já estava familiarizado, e o bastante pra poder fazer o que eu achava realmente importante, que é não deixar em primeiro plano os efeitos especiais e os elementos de ação, mas sim fazer com que eles se encaixem na história. Você nunca quer que alguém assista ao filme e diga: “Nossa! Esses efeitos especiais foram ótimos!”. Você espera que eles não percebam a maioria do que você está fazendo na verdade.Obviamente, as pessoas vão notar lobos do tamanho de cavalos e perceber em algum momento que eles são efeitos especiais, mas eles são bem reais e eles podem ser tão expressivos quanto um bom ator se possível. Então em termos de discussão sobre esse tipo de processo, sim, é algo que estou acostumado a fazer.

Quando estivemos no set e falamos com o produtor, ele disse, “Sim, nós ainda estamos trabalhando em alguns pontos da matilha”, e daí eu acho que 2 ou 3 semanas depois nós vimos o primeiro trailer e aquela tomada ótima [do lobo] no final. É o trabalho mais rápido que você já fez?
CW: É. Eu mesmo fiquei surpreso de que a produtora de Phil Tippett estivesse hábil em fazer aquela cena do lobo. E eu acho que eles meio que fizeram isso com o maior orgulho que puderam. Mesmo aquela cena que estava no trailer passou por 20, 30 tentativas desde então, mas eles fizeram um trabalho extraordinário. Phil Tippett é um gênio. Ele foi responsável pelas multidões em “Guerra nas Estrelas – O Império contra ataca”, e ele é tipo essas lendas na área de efeitos especiais. E está sendo maravilhoso que eles estejam fazendo nesse curto espaço de tempo.
Nós estamos trabalhando numa velocidade de arrepiar, e ao mesmo tempo tentando fazer algo bom ao mesmo tempo. E não é só Tippett, é também a Frantic Studios, que é liderada por Mike Fink que é um velho amigo meu que foi o supervisor de efeitos especiais na Bússola de Ouro, que ganhou o Oscar no ano que estreiou. Então, sim, estamos trabalhando muito rápido, mas também estamos tentando fazer o trabalho tão lindamente possível pra fazer com que os efeitos especiais estejam inseridos na maravilhosa cinematografia que Javier Aguirresarobe trouxe até nós. Nós estamos trabalhando na velocidade da luz, mas ainda tentando entregar algo que seja muito bonito e elegante.

Você pode nos dizer quão distante você está agora da conclusão?
CW: Bem, deixe-me ver. Estou a duas semanas de mostrar ao estúdio a minha edição. Eu consegui alguns lobos com pele, e alguns continuam invisíveis [risos]…basicamente.Alguns lobos ainda são meio que, ah você provavelmente viu os que eram tipo as versões de barro [claymation]. Nós ainda estamos na fase de pesquisa e desenvolvimento em como Edward parece quando é atingido pela luz do sol, o efeito diamante e todo aquele efeito alucinatório que Bella tem quando ela ouve a voz de Edward, e ela o imagina.
Alexandre Desplat apenas começou a trabalhar nas suas músicas para o filme. E nós começamos a reunir as bandas que farão parte da trilha sonora, então é meio que ter 10 pratos girando de uma vez. Mas isso tudo é bom porque nós temos Alexandre Desplat, que eu acho um dos maiores compositores de músicas para filme vivo, e por causa da grande força da franquia que eu herdei, muitas pessoas estão interessadas em participar da trilha sonora, e nós temos grandes efeitos visuais pessoal. O que só me deixa esperançoso em não deixar a bola cair em termos de edição para garantir a história.

Já que você mencionou a música, Alexandre Desplat vai usar o tema de Carter Burwell ou alguma variação?
CW: Sim, pois é como qualquer franquia, há coisas que tornam familiar. Eu creio que ele vai meio que transportar isso de alguma maneira, e a maioria das músicas serão totalmente novas para a franquia já que seu estilo é bem diferente do de Carter Burwell. Mas eu acho que há algo de valioso em ter algo familiar – eu acho que a palavra é motivo condutor – passando por toda a série.

Você pode falar um pouco sobre o curta Face Punch?
CW: O engraçado é, eu tive que aparecer com o nome de um filme dentro de outro filme. E o primeiro, que eu acho que estava no livro Crossfire ou Crosshair, algo assim, não poderia ser usado. E você ficaria chocada com o número de nomes estúpidos que vem sendo transformados em filmes de ação.
Eu trouxe uma lista de 10 nomes para os advogados da Summit para que eles vissem qual deles poderiam usar, e Face Punch era um dos dois nomes na lista de 10 que ainda poderiam ser utilizados. E eu escolhi aquele Kill Hunt. Então agora, alguém pode ir e fazer Kill Hunt, mas Face Punch é nosso. Havia uma piada entre meu irmão e eu que o filme deveria se chamar Face Punch, que seria só sobre pessoas se socando na cara, mas é tipo um filme dentro de outro filme. É o tipo de coisa menos romântica que Bella poderia assistir, já que seu amigo lhe chama exatamente pra um encontro, e ela não quer que nada romântico aconteça.

Stephenie lhe deu alguma opinião sobre isso?
CW: Bem, ela me deu uma camiseta escrito Face Punch. Ela é um tipo de fã de cultura popular, o absurdo da cultura popular, então eu acho que ela meio que achou engraçado o nome do filme.

Isso estará no DVD?
CW: O filme mesmo? [risos]. Não. Infelizmente não há Face Punch. Talvez isso seja algo que sobre para os fãs fazerem. Você vai ouvir os sons de Face Punch, que será um monte de gente levando tiros e sendo estraçalhada. Há alguns filmes, filmes imaginários que são referidos nesse e o jeito com que o gênero é satirizado de uma maneira breve e sutil. Esse é o exemplo de um filme de ação o mais estúpido possível.

Houve uma pressão em você pelo fato de pegar um projeto que se tornou um enorme fenômeno da cultura pop?
CW: Sim, com certeza há. Eu acho que isso é largamente imposto, pois os fãs são tremendamente apoiadores e bons. Uma coisa interessante sobre os fãs de Crepúsculo é que eles não são o tipo dos fãs no sentido sarcástico. Eles na verdade começam do ponto de vista de serem entusiásticos e esperando que isso seja bom e seja bem feito.
Eu sinto uma responsabilidade tremenda, mais dos leitores do que da franquia, pois eu acho que esse é o coração da experiência que você está tentando alcançar. A experiência de alguém lendo os livros pela primeira, segunda, ou terceira, quarta vez meio que ultrapassa a maneira como você lê os livros quando você é jovem e está totalmente absorto nisso. É tentar oferecer a experiência que meio que complemente isso. E isso significa se dar bem com a Stephenie, sem tentar adivinhar as coisas por você mesmo, e sempre pensando nas coisas com um nível de lealdade com os fãs.

Qual a sua cena favorita no filme?
CW: Francamente, houveram muitas cenas divertidas no filme. Eu realmente gostei das cenas no quartel general dos Volturi, embora essa logística tenha dado uma tremenda dor de cabeça. De certo modo, é a cena que você mais tem medo, pois elas consomem tanto tempo e você tem que fazer tudo certo, assim como as coisas no quartel general dos Volturi, ou o que foi filmado em Montepulciano. Eu acredito que seja minha cena favorita, pois é meio que o ponto alto do filme, quando Bella tenta impedir Edward de se matar.
Nós tínhamos 1000 figurantes no meio dessa praça medieval em uma colina na cidade da Toscana no país mais belo da Terra. É uma oportunidade extraordinária ter que trabalhar ali, e isso foi meio surreal, pois cada fã de Crepúsculo que pode vir do continente Europeu e arredores deu um jeito e foi até Montepulciano e reservou quarto de hotel, algumas vezes até no mesmo hotel em que estavam o elenco e a equipe. E então houve esse tipo estranho como Beatle mania acontecendo na colina dessa pequena e linda cidade, e por cinco dias houve essa atmosfera bizarra do festival. E isso não foi tedioso mesmo. Foi incrivelmente gratificante que todas essas pessoas estavam aplaudindo após cada tomada. Querendo ou não nós bagunçamos tudo. Eles não tinham idéia, pois eles não estavam perto o bastante pra ouvir, mas se você olhasse pra cada ladeira onde o câmera não estivesse posicionada, você veria centenas dessas jovens que vieram somente pra tocar em um pedacinho daquilo que elas amam de verdade.

Você pode nos dizer como foi toda essa construção de personagens, e chegar como o novo diretor. Você aprendeu algo falando com mais alguém, ou você meio que faz do seu jeito?
CW: Eu acho que eu sempre entro num filme sabendo que um ator confiante provavelmente vai saber tanto quanto ou até mais do seu personagem do que eu, mesmo que não seja uma franquia, pois esse é o trabalho deles, mas especialmente nesse caso em que eles já interpretaram esses personagens que se apaixonam. Eles meio que viveram com esses personagens tanto quanto a franquia por um bom tempo.
Minha primeira tarefa é perguntar a eles o que acharam do script e o que eles acham que poderia ser feito com seu personagem e o tipo de trabalho que terão que fazer. Obviamente, essa vai ser uma experiência diferente pra eles, será um tipo diferente de filme porque de certo modo eu sou muito mais conservador do que Catherine Hardwicke em termos de gosto para filmes e no modo como o filme vai se desenrolar. Então isso tem um equilíbrio entre respeitar tudo que eles trouxeram para a mesa conhecendo o personagem como eles fizeram e o que eu acho que eu poderia trazer.
E também foi muito bom estar com Taylor Lautner e como foi pra o personagem que teve apenas três pequenas cenas no primeiro filme, ele trabalhou apenas 3 dias no primeiro filme ou algo assim, por ser um dos personagens principais. Esse foi um processo muito, muito divertido, também por que ele é um grande garoto. Todos os garotos, como eu gosto de chamá-los, porque eu tenho 39 anos e duas vezes a idade deles, foi divertido.

Falando sobre a cena da proposta no final do livro. Os fãs estão preocupados que ela possa ser alterada ou cortada do filme. Você pode falar sobre essa preocupação?CW: Isso não foi cortado, eu posso te dizer isso. Não vai atingi-los exatamente do jeito que eles pensam que vai, mas, eu direi que, eu vou colocar assim: Será bem especial. Eu meio que reservei todo o meu bom gosto pra aquele momento. Eu não acho que vai desapontar.

Os Volturi. Você pode falar sobre a sua visão para esse novo grupo de personagens?
CW: Não importa o quão estranhos um dos personagens possa ser no mundo da fantasia, eu penso que você tem que aproximá-los como pessoas, então você começa a pensar, bem, eles devem ter por volta de 2000 anos. Como eles viveriam? Como eles interagem uns com os outros? A conclusão foi de que após 2000 anos, você provavelmente seria mais do que puramente insano não importa quanta graça ou cultura você aparente.
Eu acho que isso é o que Michael Sheen realmente fez para se transformar em Aro, o cabeça dos Volturi, que é isso na superfície, ele é terrivelmente gracioso, amável, um anfitrião maravilhoso, e ainda ao mesmo tempo ele é absolutamente letal e aterrorizante, e foi meio assim também que Dakota Fanning se converteu em Jane. Ela é assim, na aparência muito inocente, olhar afável quase como uma adolescente, mas ela é absolutamente mortal.
A primeira coisa que eu quis fazer foi colocá-los todos juntos em um set que não fosse do tipo Castelo do Drácula. Pois isso já foi feito, há tantos filmes de vampiro, lobisomens e de terror em que tudo é sombrio e escuro e tudo é azul ou verde, e ao invés disso o quartel deles é surpreendentemente iluminado e tranqüilo, e daí os personagens que eles interpretam tem uma realidade palpável a eles, contrariando o quão bizarra é aquela situação. E o ponto é não parecer com Forks, Washington, onde tudo vem sendo bem real, e então de repente ir a uma locação que os atira completamente fora do filme. E esse é um equilíbrio difícil de conseguir.
E o set, embora seja enorme, magnífico e imponente, na realidade parece mais um lugar real, em que você tem a opção nesse tipo de situação de filmar em tela verde e adicionar o set depois, e eu já fiz isso antes, mas nesse caso, eu sinto que é realmente importante construir mesmo algo que surpreenda os personagens, e que eles possam interagir com isso e ter a sensação real de que isso existe no espaço atual.

Há muita especulação por parte dos fãs sobre como vão parecer os Volturi, e pelo que nós lemos e vimos, eles são mesmo fora do padrão. Veremos os Volturi em algum dos próximos trailers ou divulgações, ou isso será segredo absoluto até que o filme seja lançado?
CW: Eu acho que eles estarão em materiais de divulgação que serão eventualmente lançados. Eu não estou certo se eles estarão no trailer ou não. Eu acho, essencialmente, nosso objetivo era fazê-los parecer como diz no livro e não ser tão fantasioso sobre isso. Isso era muito importante para Stephenie que os lobos se transformassem bem rápido e que eles parecessem com lobos, e que não tivéssemos esse tipo de mágica Lon Cheney com longas transformações, e eu acho que a razão por trás disso e para que isso faça sentido na realidade deles. E eu acho que isso foi importante também para os Volturi. Que eles não levitassem sobre o chão. Eles não são rodeados por auras místicas, eles são criaturas que existem de verdade, e eles são bem específicos, são estilosos, muito elegantes e muito perigosos. Mas essencialmente, é bastante fiel ao livro.

Poderia falar sobre todas essas especulações e rumores dos fãs ou esperanças de que você possa voltar pra dirigir Amanhecer? E se algo está sendo falado agora ou se não há nem mesmo um projeto entre Eclipse e Amanhecer em termos de planejamento?
CW: Eu acho realmente encantador que mesmo sem nem ter visto Lua Nova, as pessoas estejam ansiosas e querendo que eu dirija Amanhecer. Eu acho que a prova está no filme, e eles deveriam ver Lua Nova antes de decidir se querem que eu tenha algo haver com a série deles. Mas eu esperaria merecer esse tipo de rumor.
Eu realmente não falei com a Summit sobre isso. Tudo que eu sei é que estarei muito cansado pra fazer Eclipse e seria melhor que outra pessoa pegasse pra que pudesse imprimir sua própria marca nele, e também do jeito que os filmes estão sendo gravados poderia evitar isso de alguma maneira, mas em termos de planejamento, David Slade veio até mim enquanto estávamos filmando o final de Lua Nova, e eu mostrei a ele tudo que eu poderia dar a ele no sentido de que direção estava seguindo.
Ele vai fazer da maneira que quiser porque isso terá seu estilo próprio e particular de fazer as coisas, mas do mesmo jeito que eu herdei certas coisas de Catherine Hardwicke, ele vai herdar certas coisas de mim e fazer as escolhas caso ele queira manter ou alterar isso. Tippett fará os lobos para Eclipse, então haverá uma continuação em termos de aparência dos lobisomens e obviamente o elenco continuará sendo o mesmo. Então Dakota é Jane e todos os Volturi são as mesmas pessoas que nós estamos acostumados, mas, além disso, será o show de Slade fazer Eclipse. E quando vier a tona os fãs vão querer ele pra fazer Amanhecer e não eu.

Mas por enquanto todos querem que você faça isso.
CW: É meio assim, sabe, sim, eu tenho um potencial ilimitado no momento.

Então você faria todos os fãs felizes dizendo que consideraria.
CW: Eu certamente consideraria. É legal. Eu passo todo o meu tempo evitando a Internet porque eu não quero – eu acabei entrando em uma discussão com um alemão de 15 anos, e isso é o tipo de coisa que eu tenho que me concentrar fazendo o filme, eu nem mesmo sei sobre os rumores positivos que rolam por aí. Eu não sei dos rumores negativos, eu não sei dos rumores positivos; Estou só tentando fazer o melhor trabalho que eu puder, mas é realmente gentil que as pessoas gostariam que eu fizesse isso. Eu acho bem legal.

Você acha Amanhecer passível de ser realizado?
CW: Não, é difícil. Quero dizer, sim é provável. Tudo é provável. É um filme difícil, porque a série fica mais e mais ambiciosa com o passar do tempo. Sim, é possível, tudo é possível.

Qual seu prazo final para voltar com o filme para o estúdio antes da estréia?
CW: Ironicamente, eu acho que é um dia antes do Dia das Bruxas. Eu acho que 30 de Outubro será a data final. Quando será hora de começar a distribuir as cópias ou estaremos em uma grande enrascada.



Fonte: Hollywood.com //foforks

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